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Quero por meio deste blog poder compartilhar um pouco daquilo que gosto e penso. Compartilhar um pouco de tudo aquilo que tenho vivido e aprendido com a vida e com minhas experiências com Deus. Quero externar o que para mim significa considerar perda, o que antes era lucro, por causa daquele que me salvou. Quero aqui falar de tudo um pouco, sem entretanto, esquecer o mais importante: Cristo.

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segunda-feira, 29 de abril de 2013

Modernidade e Pós-Modernidade 2


“Assim, toda a questão se reduz a isto: pode a mente humana dominar o que a mente humana criou?” (Paul Valéry)

No texto anterior citei Luiz Felipe Pondé e Zygmunt Bauman. Agora, quero fazer um paralelo entre a modernidade líquida, as redes sociais e as relações interpessoais.
A pós-modernidade não aconteceu da noite para o dia. Não dormimos seres da modernidade e acordamos pós-modernos. O termo pós-modernidade surgiu por volta da década de 80 e veio criando força e forma com o passar dos anos.
Bauman fala da modernidade líquida e isso é explicado em poucas e simples palavras por Pondé. Ele menciona que nossa realidade é líquida; escorre por entre os dedos. Ou seja, nosso casamento hoje está muito bem, mas nada me garante que esse casamento seja uma realidade amanhã. Todos estamos pautados em um só propósito nesta vida: sermos felizes. E justamente por isso, se as pessoas não vêem em seus companheiros um motivo de felicidade, elas simplesmente trocam. Não há mais uma grande preocupação com a opinião da sociedade, da família ou dos amigos. Simplesmente as pessoas separam-se e pronto. Muito diferente de tempos em que o casamento e a família eram prezados e fazia-se qualquer coisa para tentar mantê-los.
Mas, suponho que exista muito mais por trás dessa mobilidade, desse desprendimento nos relacionamentos do que simplesmente o desejo de mudança. Algo mais deve motivar isso.
Atualmente, a linha que sustenta as relações é tênue; e acredito que ela tem se atenuado cada vez mais com o advento da internet e das redes sociais. De fato a internet veio para revolucionar o mundo da tecnologia e facilitar a vida de muita gente. Entretanto, essa facilidade tem alcançado áreas das quais o ser humano, dito racional, tem perdido o controle.
Estava eu folheando o livro de Bauman, Modernidade Líquida, e encontrei a frase em epígrafe. É incrível como o ser humano acaba sendo dominado por aquilo que ele um dia supôs que dominaria. As redes sociais e a internet são um exemplo disso.
Somos completamente dominados e somos capazes de passar horas em frente à tela de um computador, tablet ou smartphone e esquecemo-nos de que existem pessoas reais ao nosso redor. Esposa, marido, filhos, amigos que, embora reais, têm-se tornado cada vez mais virtuais, dispensáveis e insignificantes. Temos confundido as relações virtuais com as reais.
Em redes sociais, por exemplo, com apenas um clic ou toque de tela, nos tornamos “amigos” de um milhão de pessoas e, com o mesmo clic ou toque, deixamos de sê-lo. E não é assim como têm se acabado os relacionamentos atualmente? Casais casam-se e divorciam-se com uma rapidez inacreditável. Há tempos, se um casal quisesse se separar deveria primeiro propor uma ação de separação e, apenas depois de transcorrido o prazo de um ano de separação judicial, se por ventura o casal não optasse pelo restabelecimento da sociedade conjugal, seria dada a sentença de divórcio.
Hoje, em tempos pós-modernos, em que a rapidez é imprescindível, por meio de uma emenda constitucional, não mais é necessário nem mesmo uma hora de casamento para que possamos requerer, lavrar e assinar o divórcio por via extra-judicial.
Não seria isso como um link? Com apenas um “clic”, constituímos família, e com outro, a desfazemos. Mudamos nosso status no perfil da vida com uma velocidade que ainda não conseguimos processar. Não sou contra a modernidade ou as redes sociais, nem quero aqui falar contra elas. Eu mesmo possuo perfis em algumas delas. Mas sou contra a banalização da família e dos relacionamentos. Sou contra a nossa permanência desenfreada em frente a um aparelho eletrônico, bisbilhotando a vida dos outros e expondo a nossa. Sou contra a "aquisição" de milhares de novos amigos virtuais e o desprezo pelo dialogo e interação reais com família e amigos. Sou contra a repulsa por uma boa leitura, já que a emergência dos tempos atuais nos permite apenas a leitura de pequenas charges, muitas vezes de péssimo gosto, no admirável Facebook. Sou contra sim, o crescimento descontrolado de uma criação que, na verdade, já controla seu criador e, por conta disso, já muda seus hábitos diários.
Sei que o crescimento do “www” é inevitável e com ele, o desenvolvimento da tecnologia. Mas, ao invés de sermos dominados por esse crescimento, é de extrema importância que façamos uma revisão de nossos conceitos de família e sociedade, para que não caiamos no erro de vivermos uma vida irreal, e ao chegarmos ao fim, percebamos que o que construímos foi apenas mais um perfil fake daquilo que deveria realmente ser uma vida.

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